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A prova discursiva é, para muitos candidatos de TI em concursos públicos, uma das etapas mais temidas. Afinal, não basta conhecer tecnicamente o conteúdo — é preciso organizar ideias, argumentar com clareza e respeitar as exigências da banca. Cada vez mais comum em cargos de analista e auditor até de áreas não TI, a discursiva exige uma preparação específica e estratégica.
O primeiro passo é entender que a discursiva de TI não avalia apenas o domínio técnico. As bancas querem ver a sua capacidade de explicar conceitos com clareza, aplicar conhecimentos a contextos reais e construir um raciocínio lógico e bem estruturado. Não é uma redação literária, mas um texto técnico, direto e orientado a resolver uma demanda prática.
Geralmente, o formato mais comum segue um modelo dissertativo-argumentativo com aplicação. Ou seja, a banca propõe uma pergunta ou uma situação-problema e espera que o candidato apresente conceitos teóricos e os conecte com uma explicação coerente, clara e útil. Em concursos como os do TCU, CGU, SUSEP e diversos tribunais, essa abordagem se consolida cada vez mais.
Uma boa discursiva começa com um tópico frasal objetivo. Esse é o parágrafo inicial que já responde diretamente à pergunta da banca, demonstrando domínio sobre o conteúdo. Evite rodeios ou “introduções vazias”. Seja direto, como em: “A arquitetura TCP/IP é um conjunto de protocolos organizados em camadas que permitem a comunicação entre redes heterogêneas.”
Na sequência, o desenvolvimento deve detalhar o conceito apresentado no tópico frasal. É aqui que o candidato organiza o conhecimento técnico em partes bem estruturadas. Por exemplo, se a questão pede a explicação da arquitetura TCP/IP, cada parágrafo pode descrever uma camada: aplicação, transporte, internet e enlace, com exemplos de protocolos e de equipamentos.
Ao descrever as camadas, utilize expressões que conectem a teoria à prática: “Na camada de transporte, o protocolo TCP assegura a entrega confiável dos pacotes, sendo essencial para aplicações como navegação web e e-mails corporativos”. Isso mostra que você não apenas memorizou o conteúdo, mas o compreende em contexto.
Outro ponto fundamental é o uso correto dos termos técnicos. Palavras como “protocolo”, “host”, “camada”, “datagrama”, “serviço”, “modelo OSI” devem ser usadas com precisão e sem repetição excessiva. Erros conceituais comprometem a nota, mesmo que o texto esteja bem escrito.
Evite copiar literalmente definições de livros ou apostilas. A banca quer saber como você interpreta o tema, e não se sabe colar o glossário do material de estudo. Use sua própria linguagem, desde que tecnicamente correta. E, se possível, traga exemplos práticos — como citar o uso do protocolo HTTPS em sites bancários.
Na dúvida, opte pela simplicidade. O excesso de termos técnicos ou frases longas pode confundir o corretor. Lembre-se: clareza e objetividade são critérios avaliativos explícitos. Um texto claro, direto e com encadeamento lógico tende a ter nota mais alta do que um texto rebuscado e confuso.
A gestão do tempo também é crítica. Você geralmente terá 30 linhas ou cerca de 60 minutos para produzir a resposta. Treine com cronômetro: pense por 10 minutos, escreva por 40 e revise nos 10 finais. A revisão é o momento de corrigir gramática, garantir coesão e ajustar termos técnicos.
Durante a preparação, é útil resolver questões anteriores da banca. FCC, FGV e CESPE/CEBRASPE costumam variar bastante nos estilos. Algumas bancas cobram definição pura (como “explique o modelo de maturidade COBIT”), outras querem aplicação prática (“dê um exemplo de como o COBIT 5 pode ser usado na avaliação de governança de TI”).
Outro ponto de atenção são os comandos da questão: “explique”, “comente”, “apresente”, “relacione”, “analise”. Cada verbo indica um tipo de abordagem esperado. Ignorar isso pode gerar perda de pontos. Se a banca pedir para “comentar e exemplificar”, não basta definir; é preciso contextualizar.
A estrutura padrão da resposta inclui introdução (tópico frasal), desenvolvimento (2 ou 3 parágrafos técnicos) e, quando possível, uma conclusão rápida que reforce a ideia principal. Ainda que a conclusão não seja sempre obrigatória, ela ajuda a amarrar o raciocínio.
Por fim, lembre-se: discursiva se aprende escrevendo. Ler boas respostas ajuda, mas escrever, revisar e comparar com gabaritos ou com correções de professores é o que realmente desenvolve sua capacidade. Seja na área de redes, segurança da informação, governança ou engenharia de software, a chave é transformar conhecimento técnico em texto bem fundamentado.
Treinar discursivas é, na prática, treinar para ser um profissional público que sabe comunicar tecnicamente suas decisões, achados e recomendações. Em concursos de TI, isso é mais do que uma etapa da prova: é um indicativo do que se espera de você no cargo.
Fonte: Gran Cursos Online