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Da infância à fase adulta, somos ensinados a ser gratos por tudo que temos – uma lição milenar e poderosa. Mas você já parou para pensar… O que fazer quando a gratidão se transforma em conformismo disfarçado? Como agir quando a satisfação com o presente nos torna cegos em relação ao que o futuro pode oferecer?
O caminho do concurseiro exige mais que a mera aceitação das circunstâncias do momento. Você, concurseiro, deve ser grato, sim, mas ao mesmo tempo precisa cultivar uma certa e perene insatisfação. O equilíbrio entre a contemplação do que a vida já lhe deu e a ambição por mais deve ser dinâmico, em um contraste que pode ser a chave para alcançar objetivos mais elevados.
A verdade é que a gratidão, para alguns, funciona como uma âncora emocional que os mantém conectados ao presente. A intenção é até boa: proteger-se de um ciclo interminável de comparações e ansiedade. Ainda assim, não podemos perder de vista o risco de as alegrias momentâneas aniquilarem nossa capacidade de desejar algo além. E o mundo dos concursos públicos não perdoa quem se acomoda.
Imagine um concurseiro que reúna as melhores condições possíveis para se dedicar aos estudos – e apenas aos estudos. Ele é jovem e tem boas condições financeiras que o dispensam de trabalhar para se sustentar; conta com o apoio da família; dispõe de um local de estudo tranquilo; estuda no Gran, onde tem acesso aos melhores professores… Esse felizardo acorda todos os dias se sentindo grato, é claro, mas isso pode ser um tanto perigoso. O risco é ele se acomodar a tanta tranquilidade e deixar de se desafiar. Mudar para quê, se está tudo tão tranquilo?
A insatisfação é, portanto, essencial para afastar qualquer um da letargia, do contentamento com o “suficiente”, e lançá-lo em busca do “extraordinário”. É ela que impulsiona o concurseiro a estudar todos os tópicos previstos no edital, reescrever anotações e revisar aquele conteúdo difícil pela décima vez.
Apesar disso, muitos não a admitem por receio de parecerem ambiciosos demais ou, pior, ingratos. A verdade, porém, é que esse sentimento, se bem trabalhado, serve de mola propulsora do progresso. Não à toa, os maiores revolucionários, cientistas e pensadores da história foram aqueles que, mesmo já tendo conquistado ou descoberto muito, continuaram insatisfeitos, dedicando-se dia após dia a se superar. Por isso, meu caro leitor ou leitora, quando se trata de concurso público, em que a diferença entre a aprovação ou o retorno à fila pode estar num mísero item marcado correta ou incorretamente, a insatisfação é sua maior aliada.
Entenda: ela está longe de ser ruim. Ser insatisfeito não significa ser ingrato. Ao contrário, significa reconhecer, sim, tudo o que já se tem, ciente, contudo, de que há muito mais a ser conquistado. A mágica acontece quando essas duas forças, gratidão e insatisfação, aparentemente opostas, passam a coexistir em harmonia. Se você pende para a primeira, cai na armadilha da complacência; se pende para a segunda, arrisca-se a sofrer um esgotamento emocional. Melhor, mesmo, é encontrar o equilíbrio, sendo profundamente grato por todo pequeno avanço, mas sempre buscando algo maior. Você agradece o presente, mas se recusa a aceitar o status quo como ponto final da sua jornada.
Lide com essa dualidade como se estivesse participando de um jogo: agradeça o fato de ter avançado três casas ao estudar por três horas seguidas, para em seguida planejar a melhor forma de avançar outras tantas. Celebre o fato de ter ido bem em um simulado, mas mantenha a disciplina para ir ainda melhor no próximo. Os concurseiros que dominam essa arte transformam o que poderia ser uma maratona cansativa em uma jornada estimulante. Eles sabem que o sentimento de insatisfação não é uma fraqueza, mas uma bússola que aponta o caminho para novas conquistas.
A insatisfação que propomos aqui não é, portanto, de cunho emocional, mas de ordem tática. Nossa sugestão é usá-la como uma ferramenta de crescimento. Se a gratidão o ajudou a reconhecer suas potencialidades, ótimo! Agora utilize a insatisfação como instrumento para expandi-las. Assim, cada página lida, cada videoaula vista, cada questão respondida vai materializando sua capacidade de converter em ação o que era apenas um sentimento incômodo. Você se torna arquiteto do próprio sucesso.
Aqui, no Gran, fazemos isso diariamente. Somos absolutamente gratos por tudo que alcançamos até hoje e não cansamos de reconhecer o trabalho do nosso incrível time, maior responsável pelos quase 800 mil alunos ativos pagantes e milhões de pessoas impactadas por nossa metodologia e dedicação. Esse sentimento não nos impede, porém, de cultivar o que chamamos de “espírito do primeiro dia”. Por quê? Porque no primeiro dia temos aquela sede de crescer, aquela fome de aprender, aquela repulsa à acomodação.
Grato, mas insatisfeito, como se estivesse apenas no primeiro dia de estudos. Esse deve ser o lema de qualquer concurseiro sério. Essa é a filosofia que permite celebrar o progresso sem perder a vontade de continuar. Gratidão o mantém resiliente e insatisfação o faz imbatível.
Gabriel Granjeiro
Presidente e sócio-fundador do Gran Cursos Online. Vive e respira concursos há mais de 15 anos. É autor de livros e artigos que já foram lidos por mais de 1 milhão de pessoas e formou-se com honors em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business.
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Fonte: Gran Cursos Online