Apostilas em PDF – Menos é mais: a Navalha de Ockham

“Navalha de Ockham”, ou “Lei da Parcimônia”, é como ficou conhecida a máxima “não devemos multiplicar entidades sem necessidade” – “entia non sunt multiplicanda sine necessitate” no original em latim. Formulado pelo frade franciscano Guilherme de Ockham em plena Idade Média, período marcado pela tensão entre fé e razão, esse princípio serviu como crítica às teorias rebuscadas da época e defendia explicações mais diretas para fenômenos naturais e questões filosóficas. O termo “navalha” vem justamente da ideia de “cortar” excessos, enquanto “parcimônia” reflete a economia de pressupostos. Em outras palavras? Não complique o que pode ser simples!

A Lei da Parcimônia envolve aprender a filtrar o excesso de informações, identificando o que realmente importa para a resolução de dado problema. Essa abordagem propicia maior clareza de pensamento e, consequentemente, otimiza a tomada de decisões, algo essencial em todos os aspectos da vida – dos estudos ao trabalho, das relações pessoais aos desafios cotidianos.

Leonardo da Vinci enalteceu essa virtude ao afirmar que “a simplicidade é o último grau de sofisticação” – ideia materializada em sua Mona Lisa, na qual elementos simples criam uma complexidade profunda. Einstein seguiu caminho semelhante ao defender que “tudo deve ser tornado o mais simples possível”, como demonstrou com sua revolucionária equação E=mc². O cientista advertia, contudo, que simplicidade não se confunde com superficialidade. Ou seja, a clareza jamais deve sacrificar a profundidade. Ambos, Da Vinci e Einstein, compreenderam que a verdadeira elegância está em eliminar o desnecessário sem perder a essência, num perfeito alinhamento com o pensamento de Ockham.

E como isso se aplica a você? É simples: ao adotar a Lei da Parcimônia e filtrar informações supérfluas, você cria um ambiente mental que favorece decisões mais acertadas. Esse princípio se estende a diversos contextos da sua vida: na seleção de um curso, na busca por um emprego ou na gestão de relações pessoais. À medida que você se concentra no essencial, suas ações vão se tornando mais racionais e coerentes com seus verdadeiros propósitos. 

A simplicidade pode ser, portanto, seu maior aliado na jornada de concurseiro, e me refiro a todas as etapas dela: do planejamento dos estudos à marcação dos itens na prova. 

Por exemplo, na hora de optar por um dos diversos métodos de preparação, a noção de parcimônia pode guiar você por caminhos comprovadamente eficazes e para longe de falsas promessas e “soluções milagrosas”. 

No dia a dia dos estudos, use a Navalha de Ockham para definir quais conteúdos merecem maior atenção e quais podem ser deixados de lado sem comprometer seu desempenho. Pergunte-se quais pontos da matéria são cruciais para a compreensão do tema: é a eles que você deverá dedicar mais tempo. Assim, você focará no que realmente pode transformar seu aprendizado e, de quebra, reservará tempo e poupará energia para revisões, exercícios e simulados. 

Finalmente, no dia da prova, recorra à Navalha quando estiver em dúvida sobre qual alternativa marcar nas questões: entre uma assertiva concisa e outra cheia de informações acessórias, adjetivos ou advérbios desnecessários e meros adornos estilísticos, opte por aquela. Essa tática ajuda a evitar armadilhas preparadas pelo examinador e pode ser a chave para acertar a questão. 

Como se vê, apesar de a Lei da Parcimônia ter sido postulada na chamada Era das Trevas, ela segue iluminando nosso caminho sempre que invocada, e, em sua simplicidade, permanece surpreendentemente atual. Nos estudos ou no trabalho, nas decisões cotidianas ou nos grandes dilemas, a capacidade de usar a Navalha de Ockham para cortar o supérfluo continua sendo uma habilidade decisiva. 

Então, use-a sempre que ela lhe parecer útil. Seja pragmático e corte o excesso. Foque na essência. 

Na maioria das vezes, o simples vence.

Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.

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