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A maior armadilha do passado é o “e se”. Insidioso, ele se apresenta como um amigo oferecendo explicações, mas, na verdade, rouba o que temos de mais precioso: o presente. Cada vez que revisitamos o que poderia ter sido, um novo “e se” nasce, arrastando-nos para um ciclo sem fim de arrependimentos estéreis que só nos impedem de agir no agora. A verdade é que o passado não deve explicações a ninguém. Sua melhor resposta a ele é olhar para o que ainda pode ser, mirando o horizonte à sua frente.
Há algo profundamente libertador em aceitar que certas coisas simplesmente não aconteceram ainda. Isso não é pessimismo; é lucidez. Os antigos estoicos, particularmente Marco Aurélio em suas Meditações, já nos alertavam sobre o perigo de nos perdermos em preocupações com toda a vida futura – ou passada – em vez de enfrentarmos os desafios um a um no momento presente. É nesse espírito que precisamos encarar nossa jornada, seguindo aquele pensamento comumente atribuído a Ralph Waldo Emerson: “Não vá para onde o caminho pode levar; vá para onde não há caminho e deixe uma trilha.”
Você ainda está aqui, e isso não é um fato trivial, mas a prova irrefutável de que as possibilidades continuam vivas. Sua existência transcende o simples ato de respirar; demanda coragem para mudar e disposição para recomeçar. Cada momento que passa reafirma que o próximo ainda lhe pertence e deve ser aproveitado da melhor forma possível. Não importa o que foi interrompido ou adiado; enquanto você existir, o inacabado pode ser retomado. E persistir, por si só, já é um ato de resistência.
Sejamos honestos: o “novo” desafia nossa zona de conforto. Para alcançá-lo, você precisa não apenas enfrentar a inércia e o medo, como também questionar os sonhos que carrega – alguns tão antigos que podem ter se transformado em meras obrigações silenciosas. Quer mudar de carreira? Passar em um concurso? Começar um relacionamento? Ótimo, mas, antes de dar o primeiro passo, pergunte-se: por que isso ainda importa?
Na jornada que escolher para si, evite os extremos – tanto o excesso de cautela quanto a ousadia desmedida podem turvar sua visão. Aprenda com quem venceu, mas também com quem perdeu, não para comparar trajetórias, e sim para compreender que a vida se constrói entre tentativas e ajustes. Não há garantias, apenas possibilidades – e nelas reside sua força.
Diante desse cenário, talvez você pense que certas conquistas são impossíveis. De fato, o impossível oferece um álibi perfeito para a inação. Mas, e se você saísse da inércia, não pela certeza do resultado, e sim pela coragem de tentar? Sonhar é um ato de ousadia. Não porque exige crença no impossível, mas porque exige enfrentamento do possível. Sonhar não é o ponto final; é o ponto de partida.
O futuro não é, portanto, uma promessa; está mais para uma proposta. E propostas têm prazos. Significa que o tempo que você tem não é infinito, mas isso não precisa ser aterrorizante. Afinal, o que confere à vida urgência e significado, senão a consciência da nossa finitude? A questão fundamental permanece: como você vai usar o tempo que lhe resta?
Se está esperando o momento perfeito para agir, saiba que ele não existe. Esperar é um luxo que engana apenas quem acredita na constância do tempo, que, na verdade, flui sem parar. Enquanto você hesita, a vida acontece, com ou sem sua participação. Talvez seja hora de criar coragem e começar a construir, mesmo com as ferramentas imperfeitas de que você dispõe hoje.
E não há momento mais propício para começar do que na virada de ano. Estamos a dois dias do ano novo e, embora a chegada de 2025 não vá resolver magicamente todos os seus problemas, certamente os próximos 365 dias serão promissores na mesma proporção do esforço que você investir neles. O calendário é uma convenção, mas a escolha de agir é sua, então não espere que janeiro traga promessas automáticas de recomeço. Se o ano mudar e você permanecer o mesmo, nada será efetivamente diferente.
Como qualquer outro, 2025 terá seus momentos desafiadores. A dúvida invadirá sua mente de vez em quando, e a vontade de desistir certamente aparecerá, especialmente após algum insucesso. Quando isso acontecer, respire fundo e lembre que o simples ato de continuar já será uma vitória. Talvez a mais importante delas.
Em resumo, olhe para o futuro com pragmatismo, ciente de que sonhos só se materializam quando encontram a ação. Eles não têm autonomia; dependem totalmente da sua iniciativa. Então, em vez de questionar o que ainda pode ser, pergunte-se o que você está disposto a fazer.
Sonhe, sim. Mas faça isso com a determinação de quem sabe que sonhos não têm garantias, apenas potencial. Sua única certeza é a passagem do tempo. Então, que ele transcorra enquanto você constrói, cria, erra e recomeça.
Tudo o que ainda pode ser não está garantido, mas está disponível, e isso basta para quem está disposto a sair do lugar.
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Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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Fonte: Gran Cursos Online