Nos últimos anos, o termo racismo estrutural tem ganhado destaque nas discussões sobre desigualdade racial e injustiça social. Mas o que exatamente significa esse conceito e como ele se manifesta no cotidiano?
O racismo estrutural refere-se a padrões sistêmicos de discriminação racial, que estão embutidos nas instituições, políticas e práticas sociais de uma sociedade. Ao contrário do racismo individual, que se manifesta por meio de atitudes e comportamentos discriminatórios de indivíduos, o racismo estrutural opera de maneira mais sutil e difusa, perpetuando desigualdades profundamente enraizadas ao longo do tempo.
Um dos aspectos fundamentais do racismo estrutural é a maneira como ele se manifesta em todas as áreas da vida, desde educação e emprego até saúde e justiça. Por exemplo, estudiosos apontam que as políticas habitacionais historicamente discriminatórias nos Estados Unidos, como o redlining — prática discriminatória no qual os serviços financeiros são negados a bairros que possuem um número significativo de minorias raciais e étnicas, contribuíram para a segregação residencial e a desigualdade econômica persistente entre comunidades brancas e não brancas.
Estruturas invisíveis de discriminação muitas vezes perpetuam a marginalização de pessoas negras
No Brasil, o racismo estrutural é evidente nas disparidades sociais e econômicas entre grupos raciais, com pessoas negras enfrentando taxas mais altas de pobreza, desemprego e encarceramento em comparação com seus pares brancos. Além disso, o acesso desigual a serviços básicos como saúde e educação reflete as raízes do racismo estrutural na sociedade brasileira.
No cotidiano, o racismo estrutural se manifesta de diversas formas, desde a falta de representação de pessoas negras em posições de poder até os estereótipos e preconceitos presentes na mídia e na cultura popular. Essas estruturas invisíveis de discriminação muitas vezes perpetuam a marginalização e a exclusão de indivíduos e comunidades racializadas.
Exemplo de racismo estrutural
Em 2020, o menino Miguel Otávio Santana da Silva, de apenas 5 anos, caiu do 9º andar de um prédio no Recife, Pernambuco. Na época, a mãe de Miguel, Mirtes Renata Santana de Souza, trabalhava como empregada doméstica na casa da família Ferreira, e o menino estava sob os cuidados da patroa, Sari Gaspar Corte Real.
As investigações revelaram que Sari não cuidou de Miguel como deveria, deixando-o sozinho no apartamento enquanto ia passear com seus cachorros. Sem supervisão, Miguel se acidentou e caiu da varanda.
Racismo estrutural:
O caso de Miguel escancara o racismo estrutural presente na sociedade brasileira. A negligência de Sari com a vida de Miguel pode ser interpretada como um reflexo da desvalorização histórica da vida da população negra no país.
Evidências:
- Diferença de tratamento: Sari demonstrava cuidado e atenção aos seus próprios filhos, enquanto negligenciava a segurança de Miguel.
- Falta de empatia: Sari não prestou socorro imediato a Miguel após o acidente, e ainda tentou culpar a mãe da criança.
- Naturalização da negligência: A sociedade, em sua maioria, não se indignou com a morte de Miguel como costuma acontecer com crianças brancas.
Para combater eficazmente o racismo estrutural, é crucial reconhecer sua existência e trabalhar para desmantelar as estruturas e sistemas que o sustentam. Isso requer um compromisso coletivo de confrontar o preconceito e a injustiça em todas as suas formas, promovendo a equidade racial e a inclusão em todos os aspectos da vida social, política e econômica.
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