Apostilas em PDF – A Barbie das Profissões que virou Policial

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Algumas histórias não começam do zero. Parecem iniciar já na metade da corrida. A de Camila Alaion é uma delas. 

Nascida em São Caetano e criada em Taubaté, ela entendeu cedo que estudo e trabalho não são caminhos independentes. Estão mais para trilhos paralelos que têm de ser percorridos ao mesmo tempo, com a pessoa se equilibrando ora sobre um ora sobre o outro. 

Foi assim, com essa sabedoria precoce, que aos 14 anos, enquanto muita gente ainda está aprendendo a pegar ônibus sozinha, Camila já tinha crachá, como menor aprendiz na Ford. Mais tarde, na faculdade, tornou-se praticamente uma pequena empresa ambulante. Para bancar livros, transporte e cursos, transformou a mochila em vitrine onde exibia trufas de chocolate nos intervalos das aulas, depois nos corredores do shopping, de loja em loja. Numa semana boa, vendia 150 unidades. Camila também foi bartender em eventos, vendedora, monitora de cursinho e até motoboy, durante a pandemia… Uma amiga começou a chamá-la de “Barbie das profissões”. O apelido pegou, mas dizia menos sobre estética e mais sobre sua resiliência diante da necessidade.

Camila produzia doces para vender. Foi assim que ela financiou boa parte dos estudos.

No curso de Direito, ela era referência. Reconhecida pela disciplina e tida como “boa de prova”, era quem mais ajudava os colegas com resumos compartilhados nos grupos. No segundo ano, surgiu uma grande oportunidade: um juiz de direito apostou alto e abriu uma vaga de estágio para quem teoricamente ainda não podia estagiar. Camila entrou e dali em diante conheceu os bastidores do processo, mergulhou no universo penal e passou a gostar da rotina. 

A certeza de que sempre se sairia bem no plano profissional durou até o exame da OAB.  Reprovada na primeira tentativa, viu colegas ajudados por ela garantirem a carteira de advogado e ela não. O insucesso inesperado foi um golpe na autoestima e na alma.

A reação imediata foi trabalhar ainda mais na produção de ovos de Páscoa, bolos e doces da moda. A resposta definitiva, porém, veio depois, atendendo ao chamado do Direito. Os bicos pagavam o básico, mas não sustentavam o sonho, e ela sabia disso.

Desde a adolescência, Camila anunciava que seria policial, vocação reforçada por uma novela da época. Na faculdade, muitos duvidavam do projeto. “Você vai desistir logo”, diziam. Ela jamais desistiu. Em 2023, tomou a decisão que separa meros simpatizantes dos verdadeiramente comprometidos. Pediu demissão do trabalho, mudou-se de cidade e recusou tudo que a fizesse deixar de estudar. Para evitar torcida contrária, distribuiu meias-verdades: “Consegui um emprego melhor”, falava. Apenas a família sabia do plano completo.

Quinze dias após a mudança, saiu o edital que ela tanto aguardava. Faltava pouco tempo até a prova, o que tornava tudo mais urgente — e mais sério. Camila organizou a vida como se fosse quartel: acordava às 7 horas (com a ajuda da avó chamando à porta), fazia academia (tanto para o TAF como para o controle da ansiedade) e estudava até a noite. Às vezes almoçava no quarto mesmo, bandeja trazida pela avó, só para não perder o ritmo. Rezou ao som de louvores e chorou no banho e antes de dormir. “Achava que não ia dar tempo”, lembra, hoje ciente de que não eram apenas três meses, mas três meses somados à bagagem inteira que ela carregava desde o primeiro resumo da graduação.

Registro de um dia de choro durante o estudo. O esforço às vezes culminava em lágrimas, seguidas de retomada.

Na semana da prova objetiva, Camila pagou o preço dos meses de esforço. Foram tantas latas de energético por dia que a dor de cabeça veio com tudo na sexta-feira. Ainda assim, ela encarou o sábado inteiro de aula de véspera do Gran. No domingo, a tensão a fez errar no preenchimento de três respostas no gabarito da prova de língua portuguesa. Justo a disciplina com bloco próprio e corte de 50%… Camila saiu chorando e quase vomitou de nervoso. Mandou mensagem à professora e mentora, cuja resposta foi firme, quase militar: “Você vai voltar e fazer a discursiva. Agora!” Camila voltou e subiu nada menos que 71 posições na segunda fase, ficando dentro das vagas.

Estudar português sempre foi muito difícil para Camila, mas a professora Tereza fez a diferença.

Ainda faltava a última fronteira: a prova oral, que é rara no cargo de Escrivão em São Paulo. Quem nunca passou por uma pensa que é “só saber responder”. Na prática, porém, exige ser capaz de raciocinar sob holofotes e responder em poucos segundos. No primeiro simulado, Camila travou. Gaguejou, estancou. Assistiu chorando ao vídeo que fez de si mesma. “Não acredito que vou reprovar na última fase”, pensou.

O concurso demorou um ano e três meses para ser concluído, e o tempo acabou virando aliado. Com método, Camila se submeteu a dezenas de simulações, participou de um projeto direcionado do Gran, com arguições por disciplina e diagnóstico das fraquezas, e até de uma mentoria específica em língua portuguesa. Sim: português na prova oral. Camila tratou o ponto fraco como quem cuida de uma infiltração: expôs, drenou, refez a parede.

Quando o Diário Oficial publicou seu nome, o quarto dos avós virou altar. Camila se ajoelhou, chorou, agradeceu. Ligou para o pai, para a mãe, para todo mundo. Só então publicou no Instagram a verdade que vinha guardando para si e os mais próximos: havia mesmo pedido demissão do trabalho, mudado de cidade e apostado tudo no concurso público. A “Barbie das profissões” agora era dona de um crachá definitivo no qual se lia Escrivã da Polícia Civil de São Paulo. E, disciplinada como sempre, tornou a vender ovos de chocolate, agora sabendo exatamente por quê e para quê: juntar dinheiro para a Acadepol.

A emoção de receber o distintivo da PC-SP foi única.

O que há por trás desse resultado? Há uma rede que empurra para a frente: o juiz que acreditou cedo; a avó que se dispôs a acordar e alimentar; os amigos e professores que acolheram ao mesmo tempo que cobraram desempenho; a plataforma que organizou, ensinou, simulou e orientou com pragmatismo. E há, sobretudo, a coragem de ajustar a tática. Camila queria ser delegada, mas entendeu que entrar “por baixo” não diminui o sonho; que primeiro você conquista estabilidade, o primeiro degrau para a subida. Há, enfim, renúncia com método.

Se você está agora onde ela já esteve, anote estas lições:

  • O estudo pode até parecer pouco, mas, na verdade, é o acúmulo invisível do que você vem fazendo há anos.
  • Ansiedade se gerencia com rotina, corpo em movimento e treino: resolução de questões, simulados e prática de resposta em voz alta.
  • O combate às fraquezas exige foco. Descobrir que Português derruba na oral dói; tratar essa deficiência salva.
  • Nem todo mundo precisa saber do seu plano. Proteja sua fé.
  • Começar “por baixo” não é desistir do topo, é preparar o terreno para chegar lá.

Camila hoje tem 27 anos e uma biografia que ficaria bem em qualquer vitrine, seja de uma padaria que exibisse suas trufas e ovos de chocolate, seja de um escritório bem montado que abrigasse seus resumos e simulados. Hoje, ela também tem um distintivo, além de um futuro que garantiu com as próprias mãos.

Quando foi nomeada, um filme inteiro passou por sua cabeça: o trabalho na Ford no início da adolescência, o estágio improvável no começo da faculdade, a reprovação no primeiro exame da Ordem, a mudança de cidade, os energéticos, as lágrimas, a discursiva que virou o jogo, a oral que exigiu firmeza. No fim, deu tudo certo.

Essa, como outras tantas que costumo contar aqui, não é uma história sobre sorte. É sobre fazer escolhas todos os dias e aguentar o tranco quando elas cobrarem o preço. É sobre ouvir o chamado, trabalhar no escuro e, na hora certa, abrir o Diário Oficial, encontrar o próprio nome e sussurrar para si e para Deus: 

“Obrigada, valeu a pena.”

Camila em frente à Academia de Polícia da PC-SP.


Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran, maior Edtech do Brasil em número de alunos, com mais de 800 mil discentes ativos pagantes. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha o universo dos concursos desde a adolescência e ingressou profissionalmente nele aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanais para o blog do Gran, que já somam milhões de leitores.

Formou-se entre os melhores alunos em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Foi incluído na lista Forbes Under 30 (2021), eleito Empreendedor do Ano pela Ernst & Young (2024) e reconhecido pela MIT Technology Review como Innovator Under 35 no Brasil e na América Latina. Autor de quatro livros best-seller na Amazon Kindle.

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Fonte: Gran Cursos Online

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