Apostilas em PDF – A maturidade não aposenta sonhos

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Raul Seixas ironizava a pressa. “É chato chegar a um objetivo num instante”, diz um de seus versos mais conhecidos. Não era exatamente uma exaltação ao atraso, tampouco um tributo à lentidão pela lentidão. Era, antes, uma crítica ao desejo ansioso por resultados imediatos, como se a grandeza pudesse ser fabricada no mesmo ritmo das urgências cotidianas. A verdade é que nada realmente transformador se constrói da noite para o dia. Toda conquista duradoura nasce do preparo, do esforço contínuo, da persistência silenciosa que se repete, dia após dia, mesmo quando ninguém está olhando.

E poucas histórias de vida evidenciam isso com tanta nitidez quanto a de Aguimael Valadares de Freitas, um baiano do sul do estado que decidiu se reinventar depois dos 50. Filho de lavrador, Aguimael cresceu ouvindo da mãe, mulher semianalfabeta, lições cortantes como o ultimato que moldou seu destino: “Se não for ler, vai para a foice.” Ele escolheu os livros. Começou vendendo jornais para poder comprar gibis do Fantasma e, assim, foi trocando o pouco que tinha por sonhos maiores. Aos poucos, aprendeu que a verdadeira glória não está na festa da chegada, mas no rigor da travessia, aquele período em que a vitória ainda é apenas uma ideia, e mesmo assim se insiste.

Aos 17 anos, a Odontologia lhe abriu as portas — mas sem fechar nenhuma outra. Décadas mais tarde, já doutor em sorrisos, sentiu falta de entender as engrenagens que movimentam o coletivo. Aos 53, ingressou na faculdade de Direito. Chamaram de ousadia tardia; ele chamou de manutenção preventiva do espírito.

Vieram os concursos, as derrotas e as rugas que o espelho insistia em destacar. Para Aguimael, cada reprovação era mais uma batida do próprio compasso, como se os tropeços fossem notas inevitáveis na partitura do caminho. Feito burro teimoso do sertão, como ele mesmo dizia, não recuava: ajustava a rota, sacudia a poeira dos cadernos e seguia. No fundo, obedecia à provocação de Raul: se a linha de chegada surge cedo demais, falta motivo para dançar.

E dançar exige música. A dele começou a tocar aos 67 anos, com a publicação no Diário Oficial: “Procurador do Estado.” Não foi o aplauso final, mas o levantar das cortinas para um novo ato. A filha — também procuradora, no Tocantins — anunciou a conquista com a voz embargada, afinando um coro que se formava desde a infância. Mãe, esposa, professores, amigos, concurseiros — todos celebraram. Não apenas o título, mas a beleza de um passo firme, ainda que lento, que se transformou em poesia.

Hoje, quem cruza com Aguimael nos corredores da Procuradoria admira o feito, sem se dar conta de que sua grandeza está justamente em não ter sido uma conquista fácil ou imediata. O homem que devorou mais páginas do que pode contar prova que os frutos mais altos da árvore são mesmo os mais doces — não por nascerem lá, mas porque exigem mais esforço para serem colhidos. E é desse esforço que vem o sabor. O doce está no desafio.

Sua história não glorifica a demora; celebra o recomeço. Aguimael mudou de rota porque sabia que ainda havia muito por viver, por aprender, por entregar ao mundo. Mesmo quando o relógio biológico recomendava sossego, decidiu correr mais uma milha. A lição? Não existe “tarde demais” para aprender uma nova língua, prestar vestibular ou encarar concursos públicos. Se puder chegar antes, acelere. Se não der, vá assim mesmo, pois a porta continua aberta.

Em resumo, não idolatre o atraso, mas também não se intimide diante dele. O essencial é não parar, e sim transformar cada tentativa em milímetros de avanço. Porque a ciência já mostrou — e Aguimael confirma — que o cérebro ativo retarda doenças, anima o espírito e redefine propósitos. Enquanto houver fôlego, haverá espaço para novos começos.

Tema menos o calendário e mais a pressa vazia. Permita-se longas estações de semeadura, noites de dúvida, páginas riscadas — é nesse vaivém que o caráter se adensa. Quando a conquista enfim chegar, não será mero rótulo, mas vinho amadurecido: aroma que só o tempo concede.

O melhor momento para plantar foi ontem. O segundo melhor é agora. E agora não tem idade — tem vontade.

Raul ainda sorri ao fundo: “É chato chegar a um objetivo num instante.

Quer assistir à entrevista emocionante que fiz com o senhor Aguimael? Clique aqui.

Aguimael Valadares de Freitas assinando seu termo de posse como Procurador de SP aos 67 anos

É chato chegar a um objetivo num instante

Eu quero viver nessa metamorfose ambulante

— Raul Seixas (1973)

Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.

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Fonte: Gran Cursos Online

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