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De colo em colo indiferente, ele cresceu como raiz que rompe pedras. Não era para ter ido longe, diziam os olhares tortos da vida. Mas havia nele uma obstinação maior que o frio das calçadas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que terminaram por abrigá-lo durante algum tempo.
Começou como a maioria dos abandonados: um embrulho de destino deixado à porta de estranhos, um bebê com menos de trinta dias de vida, ainda tentando entender o mundo com os olhos recém-abertos. Na deriva de lares temporários, foi parar em Vacaria, no interior do Estado. Ali, aos oito anos, era menos que gente – posto a dormir junto aos animais, acordando antes do nascer do sol para cuidar do gado e ajudar no plantio de soja. Na visão dos donos da fazenda, era apenas mais uma sombra movendo-se entre os campos, um par de mãos que não servia para nada além do trabalho precoce.
Mas quem disse que sombra não sonha? Na imensidão da lavoura, onde seus dias se arrastavam entre o gado e a plantação, o garoto pensava nas cidades distantes e vidas diferentes descritas pelos amigos caminhoneiros que chegavam e partiam na época da colheita. E então, aos nove anos, com uma coragem maior que seu tamanho, ele se fez vento. Conseguiu uma carona e, na boleia do caminhão, embalado pelo ronco do motor e pelo medo do desconhecido, partiu para tentar decifrar a Capital.
Porto Alegre o recebeu com indiferença. A Rua Otávio Rocha virou sua casa de teto estrelado; as calçadas, seu primeiro escritório. Uma vassoura na mão e restos de comida no prato – era essa a medida do seu sucesso naqueles dias. Na rodoviária, carregava malas e sonhos alheios, enquanto os seus próprios esperavam em algum amanhã distante.
O tempo passou varrendo chances e deixando lições. Os jornaleiros foram seus primeiros professores: de venda em venda, ensinavam as letras que o mundo lhe havia negado. Mas foi numa noite especialmente cruel que o destino mostrou suas cartas: depois de apanhar por causa de um cobertor, recebeu outro das mãos de um guarda municipal. Às vezes, a bondade vem vestida de farda.
O pai apareceu como aparece a tempestade – sem aviso e trazendo destruição. Entre garrafas vazias e punhos cheios de fúria, levou-lhe a visão do olho esquerdo e mais um pouco da esperança. O que lhe restou dela o moveu, fugido, por quarenta quilômetros a pé até a beira da estrada, onde pretendia encontrar um novo rumo para sua vida. E ele surgiu na forma de um Fiat Uno e um casal de pastores, que se compadeceu da criança e a tirou dali.
Os anos seguintes foram uma colcha de retalhos costurada com fios de esperança e alguns remendos de desilusão. Em Guaíba, os parentes que encontrou tinham o mesmo sangue que o seu, mas não o mesmo coração. As frias ruas do centro de Porto Alegre o receberam de volta. Ali, fez de tudo um pouco, porque a fome não escolhe profissão. Entregava-se ao trabalho e jamais se rendia ao papel de vítima. Acreditava na vida mesmo quando ela fingia não acreditar nele.
O tempo foi passando, e ele foi juntando pedaços de cidadania como quem monta um quebra-cabeça sem modelo. Aos dezesseis anos, descobriu que existia no papel – uma carteira de identidade provava o que ele já sabia: era gente. Aos trinta e quatro, conquistou outro pedaço de si mesmo no diploma do ensino médio. Pequenas vitórias que, somadas, construíam a escada por onde subiria.
Foi quando Gilmar entrou em cena – desses personagens que o destino põe na história para indicar que ainda acredita em finais felizes. Com ele vieram duas descobertas: os concursos públicos e o Gran. Imagine só: um celular de tela quebrada transformado em janela para o conhecimento. Na plataforma de estudos, as letras antes embaralhadas começaram a fazer sentido, e os livros e apostilas, antes assustadores, viraram aliados.
E então a vida, com seu senso de humor um tanto peculiar, resolveu fechar um círculo perfeito de ironia ao redor do nosso amigo, que, aprovado em quatro concursos, com dois primeiros lugares (quem diria?), está prestes a vestir a farda da Guarda Municipal de Caxias do Sul. Sim, a mesma farda daquele homem que, numa noite gelada de tanto tempo atrás, transformou um mero cobertor em esperança.
Hoje, enquanto estuda para ser policial rodoviário federal e concluir a faculdade Gran, nosso herói segue sendo a prova viva de que sempre é possível. Seu nome? Aldenir Roman Lopes. Um homem que transformou o frio em força e o abandono em superação. Alguém que carrega dentro de si uma primavera teimosa que apenas espera a hora de florir.
Inspire-se nele e acredite: todo mundo pode.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
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Fonte: Gran Cursos Online