Baixe o material de estudo
Numa cozinha simples no município mineiro de Três Marias, um casal mede o sal do jantar e o peso de uma decisão. Ele respira e olha fundo nos olhos dela: “Se eu me dedicar de verdade, eu passo”. Ela aperta sua mão: “Então vai. A gente segura as pontas”. Foi ali, entre a panela e a coragem, que João Márcio virou a primeira página do livro da sua vida.
Até então, ele somava anos na recepção de um hotel, onde os turnos começavam e terminavam no balcão, entre sorrisos treinados e boas-vindas a rostos impacientes. Complementava a renda consertando computadores, ofício que aprendera sozinho, fuçando tutoriais. Àquela altura, o país passava por uma crise e o salário começava a atrasar, as demandas no serviço paralelo a rarear… De casamento marcado, a sensação era de que tudo podia ruir num sopro.

A simples casa onde João Márcio cresceu, no interior de Minas Gerais. A mulher varrendo o chão é sua mãe, dona Rosa.
O risco era grande: lançar todas as fichas num projeto audacioso como aquele? Por outro lado, também pesava o incômodo de ver colegas se formar e avançar na carreira enquanto ele não saía do lugar – e de trás do balcão. Um dia a palavra “concurso” lhe ocorreu, e ele fez duas tentativas. Assim, de impulso mesmo, sem método. Quando veio o edital do INSS com vagas de nível médio e cinco meses até a prova, a coisa ficou séria. Sem nunca ter sequer aberto uma Constituição, buscou a ajuda de professores que lhe traduzissem o direito. Dedicou-se, empenhou-se, mas não passou entre as vagas. Ao menos ficou perto o bastante para compreender que aquilo não era ilusão.
As pessoas lhe diziam para aguardar a nomeação, mas João escolheu não parar. Sem edital na praça, estudava como quem estoca água para a seca. E foi assim que, quando surgiu o rumor da Câmara dos Deputados, ele já tinha uma boa base. Ao que um amigo soprou “deve sair TST”, João comprou o curso específico do Gran, intensificou o ritmo e cobriu o edital antes mesmo de ele existir. Quando a banca confirmou o que ele já vinha fazendo no escuro, bastou revisar, resolver questão atrás de questão e… conseguir.
Constância tem cheiro de madrugada e som de caneta no papel. Para João, teve também mudança de banca: veio o STM, padrão Cebraspe. Ele treinou o “certo/errado” como novo idioma e… conseguiu de novo. Logo depois, saiu outro edital, do STJ, com quinze disciplinas inéditas. Qualquer um diria “agora não”; ele preferiu seguir no embalo.
E seguiu. Foram três concursos e três aprovações. Um interior inteiro coube no abraço que deu na esposa quando a primeira lista saiu. Tentou guardar segredo para se poupar das vozes frias de sempre que anunciam o fim dos concursos e provocam com um “tem certeza?” quando o coração já respondeu.

Em 2018, João Márcio tomou posse no STM e se mudou para Brasília.
Enfim, deu certo. Teve churrasco, família reunida e o momento que todo concurseiro mais anseia, o de ver o próprio nome no Diário Oficial. “Indescritível”, João repete, e a gente acredita.
Corredores antes vistos apenas através da tela eram agora seu cotidiano. No crachá, o brasão de tribunal superior. O balcão ficou para trás, mas não a disciplina, a escuta, a presença. A rotina, antes apressada entre recibos e chaves de quarto, agora se cumpre com a responsabilidade de quem serve o país por dentro. Entre um passo e outro, cruza no elevador com um professor que lhe ensinou pela internet e que agora é colega de trabalho. Sorri por dentro. “Valeu a pena”, pensa.
E a constância seguiu rendendo frutos. Pouco depois de assumir no STM, foi nomeado para o TST. Lá chefiou seção, foi pregoeiro, atuou em áreas em que jamais imaginara trabalhar. Há poucos dias, tornou-se Analista no CNJ. Para tomar posse, concluiu a graduação no 7º semestre, amparado em procedimento legal que permite abreviar o curso por desempenho excepcional comprovado pela nomeação.

Em 2019, João Márcio tomou posse no TST e cresceu rápido na carreira.
Curioso pensar que anos atrás João Márcio carregava as malas dos hóspedes do hotel e a partir de agora poderá carregar as suas próprias quando começar a percorrer o país em inspeções a tribunais. O mesmo Brasil, outra travessia.
A vida mudou profundamente. Com estabilidade, João bancou a faculdade que sempre quis, sustenta a mãe e apoia os estudos da esposa. O futuro, antes minguado, agora é cheio de possibilidades: somar prática, talvez disputar uma toga – não por vaidade, mas por lealdade ao verbo que conjuga bem, “servir”.

Em 2025, João Márcio tomou posse como Analista Judiciário no CNJ, cargo de nível superior que lhe propiciará, além de remuneração maior, viagens pelo Brasil.
O que mais comove na história de João Márcio não são as siglas dos órgãos nem as cifras no contracheque. É a cena que começou tudo: os olhos dele nos dela, a mão dela na dele, a aposta nos livros e a coragem de prosseguir quando tantos estacionam. É a constância de abrir o PDF mesmo quando a cabeça dói, de assistir à aula ainda que o sofá chame, de refazer a questão quando a primeira resposta foi errada. É a sabedoria de escolher o que importa e calar o ruído que tenta desmotivar. É a fé, palavra que ergue pontes.
Há quem diga que os concursos vão acabar ou que “agora ficou impossível passar”. João entendeu a tempo que essas falas apenas refletem medo. E medo não se rebate com discurso; vence-se com método. O dele foi o básico que funciona: antecipação ao edital, estudo diário, bom planejamento, ajustes conforme a banca, revisões e muito, muito treino. O diferencial? Colocar o coração no lugar certo, sabendo por quem e por quê.
Se há algo que eu gostaria que você extraísse dessa história é que dá para competir de igual para igual. A internet aproxima; o material certo encurta o caminho; o apoio de quem nos ama multiplica nossa coragem.
Quando sua certeza vacilar, puxe da memória esta imagem singela: uma cozinha qualquer, duas mãos dadas, uma frase que muda destinos.
“Se eu me dedicar, eu passo.”
“Então vai. A gente segura as pontas.”

João e a esposa, Caroline, sua grande incentivadora.

João com a mãe, a quem faz questão de ajudar financeiramente.
Gabriel Granjeiro – CEO e sócio-fundador do Gran. Reitor e professor da Gran Faculdade. Acompanha de perto o universo dos concursos desde muito cedo. Ingressou nele, profissionalmente, aos 14 anos. Desde 2016, escreve artigos semanalmente para o blog do Gran. Formou-se em Administração e Marketing pela New York University Stern School of Business. Em 2021, foi incluído na prestigiada lista da Forbes Under 30. Autor de 4 livros que figuraram entre os best-seller da Amazon Kindle.
Participe do meu Canal no Whatsapp e do Canal do Imparável no Telegram e tenha acesso em primeira mão ao artigo da semana e ao áudio do artigo com a voz do autor, além de muitos outros conteúdos para inspirar você, mesmo em dias difíceis!
P.S.: Siga-me (moderadamente, é claro) em meu perfil no Instagram . Lá, postarei pequenos textos de conteúdo motivacional. Serão dicas bem objetivas, mas, ainda assim, capazes de ajudá-lo em sua jornada rumo ao serviço público.
Mais artigos para ajudar em sua preparação:
- Escolha o seu difícil
- Conselhos sábios de Dona Maria
- Última vaga, primeira virada: a odisseia de Kleiton Ferreira
- A história da minha mãe imparável, nomeada aos 60 anos
- Vulnerabilidade é força
- Hora certa
- Escadas invisíveis
- Estabilidade em um mundo instável.
- Torne-se um testemunho
- Sucessão
- Mensagem para o dia da sua posse
- Tente. Tente de novo. Tente mais uma vez.
- Viva o que eles sonham
- Menos é mais: a Navalha de Ockham
- O tempo jamais será o bastante
- Aguente firme!
- Disciplina é liberdade
- Os passos passam, as pegadas ficam
- E se eu conseguir?
- Carta ao Gabriel de 18 anos
Fonte: Gran Cursos Online