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Oi, pessoal! Seja bem-vindo a mais um bate-papo sobre o fascinante mundo das Análises Clínicas. Eu sou a professora Débora Juliani e, junto com o Gran Concursos, quero mostrar que estudar pode ser leve, interessante e, sim, muito prazeroso!
Nos últimos dias, talvez você tenha visto nas notícias alguns casos de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas, contendo níveis elevados de metanol. Esse tema tem preocupado muita gente — e com razão. Mas afinal, o que faz o metanol ser tão perigoso dentro do nosso corpo? Vamos entender juntos?
Primeiro ponto importante: o metanol em si (um tipo de álcool) não é tão prejudicial no início. O grande problema, que gera os sintomas graves que vemos nos casos divulgados, se dá quando ele é metabolizado no organismo.
Vou explicar melhor: quando uma pessoa ingere metanol, o fígado começa a metabolizá-lo (ou “processá-lo”) e é aqui que o problema realmente começa pois os metabólitos são muito mais tóxicos.
A principal enzima envolvida nessa metabolização do metanol chama-se álcool-desidrogenase (ADH). Ela converte o metanol em um composto intermediário chamado formaldeído. Em seguida, o formaldeído é convertido em ácido fórmico (também chamado formiato). É o formiato que causa maior parte do “estrago”, porque ele interfere em funções celulares críticas.
Dentro das células, o formiato prejudica a produção de energia. Ele age em componentes da mitocôndria, o “gerador” celular, e dificulta o uso normal do oxigênio para gerar ATP, a “moeda energética” da célula.
Quando a célula não consegue gerar energia adequadamente, ela entra em “modo de emergência”. Passa a depender de processos menos eficientes (como a glicólise), que geram ácido lático e levam a um quadro de acidose metabólica — ou seja, o sangue se “acidifica”.
Um dos órgãos mais sensíveis a essa queda de energia é o nervo óptico. Ele exige bastante “combustível” para funcionar direito. Então, quando o formiato se acumula, pode causar visão borrada, dor nos olhos, lesão do nervo óptico e, em casos graves, até cegueira.
Além disso, o formiato (ácido fórmico) é ácido de fato, o que eleva o anion gap no sangue (uma medida que usamos em análises clínicas para identificar causas de acidose). Esse desbalanceamento químico no sangue agrava a situação.

Nos exames laboratoriais, vemos algumas pistas que nos fazem suspeitar de intoxicação por metanol: acidose metabólica com anion gap elevado, alterações nos eletrólitos, e, quando disponível, dosagem de metanol e formiato elevadas. O histórico clínico de ingestão recente de bebidas alcoólicas reforça a suspeita.
Sobre tratamento, a lógica é simples (mas não trivial): impedir que mais formiato seja formado, ajudar a eliminar o formiato existente e corrigir os desequilíbrios — como a acidose.
Para isso usamos medicamentos que inibem a enzima ADH (como fomepizol), damos suporte (como solução de bicarbonato para a acidose) e, em casos graves, hemodiálise, para “limpar” o sangue desses metabólitos tóxicos.
Então, pessoal, os casos noticiados nos alertam para algo que vai muito além de “bebidas adulteradas”: eles nos mostram como o corpo reage quimicamente a certas substâncias — e como o conhecimento bioquímico salva vidas.
Aqui no Gran Concursos, seguimos ao seu lado nessa jornada, trazendo temas atuais, explicações simples e o foco certo para sua prova. Continue estudando com a gente — porque entender de fisiologia e bioquímica é, no fundo, aprender a cuidar melhor da vida.
Fonte: Gran Cursos Online