Uma pesquisa publicada na revista Nature Ecology & Evolution, na última segunda (31), revelou uma descoberta impressionante: a primeira civilização a viver no Estado de São Paulo foi identificada por meio do estudo genômico de um esqueleto humano chamado Luzio, encontrado no Vale do Rio Ribeira de Iguape.
Luzio, o esqueleto mais antigo já identificado em São Paulo, descende da mesma população ancestral que povoou a América há aproximadamente 16 mil anos e deu origem a todas as populações indígenas atuais, incluindo os tupi.
Essa descoberta foi possível graças à compilação do maior conjunto de dados genômicos arqueológicos brasileiros, realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e do Senckenberg Centre for Human Evolution and Palaeoenvironment da Universidade de Tübingen, na Alemanha. O estudo também contou com o apoio da FAPESP.
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Origem da civilização no estado de São Paulo
De acordo com André Menezes Strauss, arqueólogo do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador sênior do estudo, o DNA extraído de Luzio esclareceu que ele pertence ao grupo dos ameríndios, assim como os tupis, quéchuas ou cherokees. Isso indica que todos esses grupos derivam de uma única leva migratória que chegou à América há não mais de 16 mil anos.
Além disso, a análise do DNA também revelou que desde cedo houve duas movimentações distintas na região, uma pelo interior e outra pela costa. As comunidades costeiras trocavam genes com grupos do interior, o que contribuiu para as diferenciações regionais dos sambaquis.
Os sambaquis, que são enormes montes de conchas e ossos de peixes intencionalmente erguidos na costa brasileira e usados como habitações, cemitérios e demarcação territorial, foram construídos pelas comunidades mais antigas do litoral, que foram consideradas os “reis da costa” por milhares e milhares de anos. No entanto, essas comunidades misteriosamente desapareceram há cerca de 2 mil anos.
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Outro aspecto intrigante descoberto foi que o desaparecimento da civilização costeira não foi causado por uma substituição populacional total, como ocorreu no Neolítico europeu.
Em vez disso, houve uma mudança de práticas, com o declínio da construção de sambaquis com conchas e a introdução da cerâmica entre os próprios sambaquieiros. A cerâmica, que já era utilizada pelo povo do interior para processar alimentos, passou a ser adotada pelas comunidades costeiras.
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