O endividamento das famílias brasileiras atingiu o menor nível desde junho do ano anterior, de acordo com dados da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), realizada mensalmente pela CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
Parte da melhora do endividamento foi causa pelo aumento dos saques da poupança. Segundo o Banco Central (BC), os saques de recursos na caderneta de poupança superaram os depósitos em quase R$ 10,1 bilhões no mês de agosto.
Em agosto de 2023, o índice ficou em 77,4%, uma queda de 0,7 ponto percentual em relação aos 78,1% registrados em julho. No acumulado do ano, houve uma redução de 1,6 ponto percentual. Esses números foram divulgados na terça-feira (5 de setembro de 2023).
Segundo a CNC, essa queda no endividamento pode ser atribuída à redução da inflação e ao aumento do emprego formal. Com a economia mais estável, os brasileiros têm menos necessidade de recorrer a empréstimos para manter suas despesas em dia.
No entanto, um ponto de preocupação é o aumento no nível de inadimplência, que fechou o mês de agosto em 12,7%, representando um recorde em 13 anos. Vale destacar que um cidadão endividado é aquele com dívida em aberto com alguma instituição ou pessoa, enquanto o inadimplente é aquele que não pagou a dívida dentro do prazo estabelecido.
A CNC aponta que uma das principais causas desse aumento na inadimplência são as altas taxas de juros, que tornam o pagamento das contas mais desafiador. A taxa Selic está em 13,25% ao ano, mas as modalidades de empréstimos para pessoas físicas têm taxas ainda mais elevadas.
José Roberto Tadros, presidente da CNC, observa que “a queda do endividamento é um sinal positivo de que mais famílias estão conseguindo controlar melhor suas dívidas e ajustar seus orçamentos”.
Entre aqueles que se consideram muito endividados, a proporção atingiu 17,5%, o menor patamar desde abril de 2022. A expectativa é que o endividamento caia para 77% das famílias em setembro de 2023, mas é esperado que cresça novamente no final do ano, encerrando em 78%.
Aumento dos saques na poupança
Em contrapartida, o Banco Central (BC) divulgou que os saques de recursos na caderneta de poupança superaram os depósitos em quase R$ 10,1 bilhões no mês de agosto. Os depósitos totalizaram R$ 321,6 bilhões, enquanto as retiradas alcançaram R$ 331,7 bilhões.
O BC também destacou uma queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior, quando os saques superaram os depósitos em R$ 22 bilhões. Em agosto, o estoque dos valores depositados na poupança ficou em R$ 969,1 bilhões. No acumulado de janeiro a agosto, as retiradas superaram os depósitos na poupança em R$ 80,3 bilhões.
Esses números refletem a dinâmica econômica e financeira do país, com brasileiros buscando alternativas de liquidez em meio às incertezas econômicas e ao cenário de juros elevados.
Em resumo, o endividamento das famílias brasileiras está em queda, impulsionado por fatores como menor inflação e aumento do emprego formal. No entanto, a inadimplência atingiu um nível preocupante, influenciada pelas altas taxas de juros. Paralelamente, os brasileiros têm buscado alternativas financeiras, como saques na poupança, para lidar com o ambiente econômico desafiador. A expectativa é que essas tendências continuem a evoluir nos próximos meses.
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