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As provas do concurso Seduc TO foram aplicadas em junho de 2023. Organizado pela Fundação Getulio Vargas – FGV, o concurso público da Secretaria da Educação do Estado do Tocantins oferta vagas de nível superior para a carreira de educação.
Os gabaritos preliminares já estão disponíveis para consulta no site da banca.
Qual o prazo para recursos?
Segundo o edital, os pedidos de recursos podem ser formalizados para a banca em até dois dias após a divulgação dos gabaritos preliminares.
A equipe imparável de professores do Gran apontou algumas questões que podem ter pedido de recurso formalizado, além de realizar a fundamentação. Confira abaixo:
Recursos Seduc TO: língua portuguesa – questão 25
Prova tipo 3 – amarela. Fundamentação feita pelo professor Márcio Wesley.
Resposta preliminar da banca: C
Nossa resposta preliminar: A
Recurso: anulação
Motivo: há três respostas possíveis para um enunciado impreciso
Fundamentação:
O enunciado pede apenas modificação da frase dada para a voz passiva de forma adequada. O enunciado avisa que a frase mostra um erro de regência, mas não solicita correção desse erro nem manutenção desse erro. Ao solicitar a forma adequada de voz passiva, o enunciado pode dar a entender que deveria ser corrigido o erro, que se detecta na construção “algo para aspirar”: o sentido contextual de “almejar” para o verbo “aspirar” indica transitividade indireta (aspirar a algo, com preposição “a” para introduzir objeto indireto).
A correção desse erro resultaria em escrever: algo a que aspirar. Mas esse erro não foi corrigido em nenhuma das opções dadas.
Diante de um enunciado que não solicitou correção do erro de regência, mas pediu apenas a modificação para a voz passiva, é razoável supor que o pedido requeria a conversão de todos os verbos para a voz passiva, pois todos eles apresentaram objeto direto na frase dada com erro de regência. Por essa suposição, encontramos a opção “A” como uma resposta possível, adequada: Felicidade é alguém para ser amado, algo para ser feito e algo para ser aspirado.
Por outro lado, supondo que seria necessário ignorar o erro encontrado e, assim, mantê-lo intocado na resposta, fica razoável apontar duas respostas: “C” e “D”. Na opção “C”, a voz passiva apareceu adequadamente (ser amado, ser feito), e o erro inicial foi mantido sem conversão para voz passiva (algo para aspirar).
Na opção “D”, a voz passiva também apareceu adequadamente (ser amado, ser feito), e o erro original foi mantido agora em uma construção que pode ser vista com sujeito indeterminado em “aspirar-se”, já que a transitividade indireta de “aspirar” faz o pronome “se” apontar sujeito indeterminado, e não haveria aqui sentido passivo em “aspirar-se” diante de tal transitividade.
Portanto, vê-se que existem três respostas possíveis a partir de um enunciado impreciso, incapaz de direcionar resposta satisfatória.
Recursos Seduc TO: língua portuguesa – questão 26
Prova tipo 3 – amarela. Fundamentação feita pelo professor Márcio Wesley.
Resposta preliminar da banca: C
Nossa resposta preliminar: B
Recurso: anulação
Motivo: não existir resposta adequada.
Fundamentação:
O enunciado pediu a modificação correta de discurso direto para discurso indireto. Ora, essa modificação é amparada por orientações claras em nossas gramáticas, a exemplo de Cunha & Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo. Em seu capítulo 20, os doutos estudiosos estabelecem claro paradigma de conversão entre discurso direto e discurso indireto. Com base nesse paradigma, nenhuma das opções da questão satisfaz ao pedido do enunciado, pois todas apresentam modificações incorretas entre discurso direto e discurso indireto. Senão, vejamos.
O pronome possessivo de primeira pessoa singular “meu” da fala original em discurso direto deveria ser convertido em pronome possessivo de terceira pessoa singular “seu”. Quanto aos tempos verbais, a modificação feita respeitou o paradigma previsto nas gramáticas.
O resultado corrigido fica: Ele disse que quando ouvia falar de ecologia, sacava SEU talão de cheques. [grifei] No entanto, caso o enunciado seja lido em termos do rigor gramatical da expressão “corretamente modificada”, teremos de considerar incorreta a pontuação nessa frase da opção “A”, pois a oração subordinada adverbial temporal apareceu deslocada e, por isso, deveria estar entre vírgulas: Ele disse que, quando ouvia falar de ecologia, sacava logo seu talão de cheques.
O pronome pessoal oblíquo átono “lhe” aparece empregado incorretamente em lugar de “me”. O problema é que o verbo associado com este pronome (cercava) é transitivo direto e, dessa forma, recebe objeto direto (sem preposição inicial). Mas o pronome “lhe” só representa termos preposicionados. As demais alterações entre tempos verbais e pronomes respeitaram o padrão gramatical.
Correção: Ele disse que ele era ele e o que O cercava. [grifei]
Aqui é preciso cuidado diante do valor conotativo do advérbio de tempo “amanhã” com sentido de futuro incerto. O valor denotativo seria de um dia após o dia atual, e isso traria um discurso indireto com a locução “no dia seguinte”. Para preservar a relação temporal incerta de futuro da fala original, seria necessário alterar “amanhã” para “futuramente”. Correção: Ele disse que futuramente bons planetas seriam difíceis de encontrar. A alteração da forma verbal respeitou o padrão gramatical.
O advérbio de lugar próximo “aqui” deveria ser trocado um advérbio de lugar afastado, a fim de expressar o distanciamento do narrador com relação a uma fala original relatada em lugar próximo do falante (aqui). Correção: Ele disse que naquele dia AQUELE LUGAR era um lugar onde as pessoas descansavam. [grifei]
O futuro do presente (levarei) da fala original deveria ser relato no futuro do pretérito (levaria). Além disso, a locução adverbial “na próxima semana” (de tempo próximo sob o ponto de vista do falante no momento de sua fala) deveria ser trocada pela locução adverbial “na semana seguinte” (sob o ponto de vista de um narrador que reproduz a relação temporal passada entre o falante e o momento posterior a sua fala). Correção: Ele disse que semana seguinte levaria mais tempo para ir ao trabalho dele.
Além disso, caso apliquemos o rigor gramatical ao pedido “foi corretamente modificada”, teremos de colocar entre vírgulas a longa locução adverbial deslocada “na próxima semana” e “na semana seguinte”. Resultado com a maior correção possível: Ele disse que, na semana seguinte, levaria mais tempo para ao trabalho dele.
Portanto, fica claro que não existe, entre as opções apresentadas na questão, resposta satisfatória para o pedido do enunciado.
Pedido deste recurso: anular a questão por não haver resposta que atenda ao enunciado nem ao rigor gramatical em conformidade com o paradigma de modificação de discurso direto para discurso indireto.
Recursos Seduc TO: língua portuguesa – questão 51
Prova tipo 3 – amarela. Fundamentação feita pelo professor Márcio Wesley.
Resposta preliminar da banca: D
Nossa resposta preliminar: A e D
Recurso: anulação
Motivo: duas respostas possíveis
Fundamentação:
O enunciado pede “a frase em que a preposição sublinhada é uma exigência de um termo anterior”. Ora, sabe-se que, a rigor, uma preposição é exigência de um termo anterior quando tal preposição introduz objeto indireto ou inicia complemento nominal, que são termos regidos por transitividade verbal ou por transitividade nominal. Vejamos algumas bases bibliográficas de renomados estudiosos do vernáculo.
Segundo Adriano da Gama Kury, em sua obra “Novas Lições de Análise Sintática”, editora Ática, página 54: “No caso de ser o termo principal adjetivo ou advérbio, não há qualquer dificuldade, visto que o adjunto adnominal só se subordina a substantivo.”
Com base nesse preceito exposto por quem é chefe do Setor de Filologia da Fundação Casa de Rui Barbosa da Academia Brasileira de Letras, além de professor de Filologia Românica da Universidade Santa Úrsula, vamos concluir que, na opção “A”, a preposição “de” em “bom de briga” inicia complemento nominal, e não um adjunto adnominal. Portanto, trata-se de preposição regida, isto é, preposição exigida por um termo anterior, o adjetivo “bom”.
Nessa mesma direção, vamos encontrar exemplo idêntico no Dicionário Prático de Regência Nominal, do professor doutor Celso Pedro Luft. Transcrevemos o trecho do verbete “bom”: “Bom [hábil] de bola, de briga, de papo, etc.” Vale lembrar que um Dicionário de Regência nominal apresenta a transitividade nominal, isto é, a regência nominal, que equivale a apresentar relações de complementos nominais e as preposições adequadas.
Igualmente, Francisco Fernandes, em seu clássico “Dicionário de Regimes de Substantivos e Adjetivos”, apresenta como relação de regência nominal, isto é, relação de complemento nominal: “Bom – a, com, de, em, para, para com […] ‘Bom de beber, de comer; caminho bom de andar’ (Morais) ‘A usina não permitia que o povo ocupasse um pedaço de terra que fosse BOA DE CANA’ [grifei] (J. Lins do Rego, Usina)”.
Por outro lado, a opção “D” apresenta o substantivo abstrato “capacidade” (capacidade de descrever), cognato do adjetivo “capaz”. O adjetivo “capaz” ocorre, nas mesmas obras já referidas, como nome transitivo que rege preposição “de” ou “para”, portanto passível de receber complemento nominal iniciado por tais preposições.
O mesmo acontece com o substantivo abstrato “capacidade”, derivado de “capaz”. Ou seja, o nome abstrato “capacidade” é transitivo e recebe seu complemento nominal, com preposição exigida nessa relação de regência nominal.
Conclusão: fica claro que a questão possui duas respostas que atendem ao enunciado (preposição como exigência de um termo anterior) – são adequadas as opções “A” e “D”.
Recursos Seduc TO: língua portuguesa – questão 54
Prova tipo 3 – amarela. Fundamentação feita pelo professor Márcio Wesley.
Resposta preliminar da banca: A
Nossa resposta preliminar: D
Recurso: anulação
Motivo: duas respostas possíveis
Fundamentação:
O enunciado pede “a opção que apresenta a concepção de linguagem pertinente a esse pequeno texto machadiano”. Ora, nesse enunciado, a palavra “pertinente” deixa margem para mais de um entendimento. Pode-se entender o pedido como “concepção de linguagem” abordada por Machado no pequeno texto, mas pode-se entender também o pedido como “concepção de linguagem” contida na elaboração do pequeno texto.
Ao entender o pedido como “concepção de linguagem” abordada por Machado no pequeno texto, é possível indicar como resposta a opção “A”: “A representação objetiva do mundo e do pensamento”. Isso porque Machado argumentou que é preciso retirar desvios e enfeites de uma nota diplomática para chegar ao seu conteúdo objetivo, tocar a ideia capital e a intenção de seu emissor.
Para ajudar no entendimento desse raciocínio, Machado serviu-se da analogia com uma mulher bem vestida na moda, que deve ter seus adornos (fitas, rendas, joias) retiradas para chegar-se a sua forma natural.
Por outro lado, ao entender o pedido como “concepção de linguagem” contida na elaboração do pequeno texto, é possível indicar como resposta a opção “D”: “O meio de comunicação estética”. Isso porque Machado empregou recursos da linguagem conotativa como a analogia ou comparação, como meio para expor seu raciocínio. O uso de recursos da linguagem conotativa revela concepção estética no uso da linguagem como meio de comunicação.
Portanto, nota-se que o enunciado foi vago, impreciso em seu pedido (concepção de linguagem pertinente). A palavra “pertinente” significa apenas que se refere a algo, que concerne a algo. Essa palavra (pertinente) não é clara sobre o pedido ser o conteúdo expresso no pequeno texto ou sobre o pedido ser a forma como está elaborado o pequeno texto.
Resumo do concurso Seduc TO
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Fonte: Gran Cursos Online