Uma recente pesquisa publicada na revista Foods chama a atenção para a presença de microrganismos em vegetais minimamente processados (VMPs), também conhecidos como vegetais frescos higienizados, que podem representar riscos à saúde dos consumidores. O estudo revelou a detecção de bactérias indicadoras de falta de higiene ou causadoras de doenças como infecções urinárias, diarreia, Salmonella spp, febre, dores musculares, às vezes precedidas de diarreia e outros sintomas gastrointestinais.
Comercializados em embalagens fechadas, os VMPs são uma opção prática para refeições rápidas e podem reduzir o desperdício alimentar, mas sua praticidade tem um custo, uma vez que geralmente custam pelo menos o dobro em comparação com os produtos in natura. A preocupação surge devido ao fato de que muitos desses vegetais são consumidos crus, tornando essencial garantir a eliminação de microrganismos causadores de doenças.
Daniele Maffei, professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP), destaca à Agência Brasil a responsabilidade das indústrias produtoras em assegurar produtos de qualidade e seguros para os consumidores. Embora lavar novamente os vegetais em casa possa ser considerado desnecessário, alguns consumidores optam por fazê-lo para reforçar a segurança.
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Pesquisa ressalta a ausência de legislação de abrangência nacional para o setor de VMPs
A pesquisa ressalta a ausência de uma legislação específica de abrangência nacional para o setor de VMPs, com apenas os estados de São Paulo e Rio Grande do Sul possuindo disposições documentadas sobre o assunto. A falta de regulamentação torna crucial a adoção de boas práticas pelas indústrias produtoras ao longo do processo de produção.
Embora os VMPs passem por etapas de desinfecção na indústria, estudos alertam para a possibilidade de falhas que podem comprometer a segurança alimentar. Daniele Maffei, integrante do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC), ressalta a importância do controle rigoroso para evitar a contaminação cruzada e falhas no processamento.
Qual a alternativa?
Para os consumidores preocupados com a segurança alimentar, a pesquisa oferece alternativas. A escolha de vegetais in natura, higienização adequada em casa e armazenamento correto podem ajudar a mitigar os riscos associados aos VMPs. Daniele Maffei sugere métodos de higienização que incluem soluções cloradas e procedimentos para prolongar a vida útil dos vegetais.
A especialista explica que os consumidores têm a opção de comprar vegetais frescos, higienizá-los e armazená-los para consumo ao longo da semana. “É crucial escolher produtos de alta qualidade, sem danos visíveis, como manchas ou partes amolecidas. Em casa, é necessário lavá-los em água corrente e deixá-los de molho por 15 minutos em um recipiente com uma solução clorada. Após isso, é fundamental enxaguá-los novamente em água corrente para remover qualquer resíduo do sanitizante.”
Posteriormente, é recomendável eliminar o excesso de água, o que contribui para prolongar a frescura dos vegetais. “Isso pode ser facilmente realizado usando centrifugadoras ou toalhas de papel, dependendo do tipo de vegetal – centrifugadoras para folhas verdes e toalhas de papel para legumes. Em seguida, é aconselhável armazená-los em recipientes limpos e herméticos na geladeira”, ela orienta.
Quanto à solução clorada, é possível adquirir produtos à base de cloro disponíveis no mercado, frequentemente encontrados na seção de produtos frescos. Nesses casos, basta seguir as instruções do fabricante conforme indicado no rótulo. Outra alternativa é preparar uma solução clorada usando água sanitária (hipoclorito de sódio).
A proporção recomendada é de 1 colher de sopa (cerca de 8 ml) de água sanitária a 2,0, 2,5% para cada litro de água. “No entanto, é fundamental verificar se a embalagem da água sanitária indica que ela pode ser usada para higienizar vegetais”, acrescenta a pesquisadora, que possui formação em Nutrição e é doutora em Ciências dos Alimentos.
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