Livraria Saraiva entra com pedido de autofalência após cinco anos em recuperação judicial

Na última quarta-feira (06), a tradicional livraria Saraiva tomou a decisão de entrar com um pedido de autofalência. Isso marca o desfecho de cinco anos de luta para se reerguer após o início de um processo de recuperação judicial em 2018, quando a empresa enfrentava uma dívida estimada em R$ 675 milhões.

Infelizmente, a Saraiva reconhece que não possui os recursos necessários para honrar seus compromissos financeiros e, consequentemente, encerrará suas operações. Até mesmo o site da empresa já foi desativado, sinalizando o fim de uma era.

No decorrer do processo de recuperação judicial em 2018, a Saraiva se viu obrigada a encerrar as atividades em suas lojas físicas, resultando na demissão de mais de 150 funcionários administrativos que atuavam nessas unidades. O objetivo era reverter a situação financeira delicada que a empresa enfrentava na época.

No segundo trimestre de 2023, a Saraiva registrou um prejuízo líquido ajustado, antes do resultado líquido de operações descontinuadas, de R$ 16,2 milhões. Apesar de ainda representar uma perda significativa, esse valor demonstrou uma melhora em relação ao resultado do mesmo período no ano anterior.

Entretanto, a receita líquida apresentou uma queda expressiva de 60,8%, totalizando R$ 7,3 milhões. Esse declínio é atribuído à redução drástica do número de lojas na rede, que passou de 31 para apenas 6 unidades. As lojas físicas também experimentaram uma redução de 60,2% na receita líquida, alcançando R$ 7,2 milhões. Além disso, as vendas na mesma loja, comparando o 2T23 com o 2T22, tiveram uma diminuição de 43%.

No que tange ao desempenho do site Saraiva.com, a receita recuou alarmantes 78,6%, chegando a um mero R$ 128 mil. A empresa atribui essa baixa performance a problemas estruturais na plataforma, o que motivou uma reformulação completa em outubro de 2022.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado do 2T23 foi de R$ 11,3 milhões negativos, sinalizando uma piora de 16,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A margem Ebitda ajustada, por sua vez, ficou negativa em 153,4%, evidenciando uma queda acentuada de 111,3 pontos percentuais em comparação com o ano anterior, que apresentava uma queda de 42,2%.

Com o pedido de autofalência, a Saraiva admite sua incapacidade de manter suas operações. Especialistas no campo de recuperação judicial e falência preveem que o próximo passo será a apresentação de um pedido judicial para a divisão de seu patrimônio entre os credores.

Em uma entrevista ao Valor Econômico, o advogado Alex Hatanaka, especializado em Reestruturação e Insolvência no escritório Mattos Filho, explicou que o pedido de autofalência tornou-se inevitável, uma vez que a empresa não conseguiu chegar a um acordo para quitar suas dívidas com os fornecedores.

Dessa maneira, os ativos restantes da livraria serão colocados à venda para que os credores possam receber os pagamentos que lhes são devidos.

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Fonte: JC Concursos

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