A escassez de laranjas está abalando a produção global de suco cítrico, e o Brasil, líder na produção mundial dessa fruta e um destacado exportador de suco de laranja, se encontra em meio à pior crise de estoque de laranjas, de acordo com dados da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR). Essa situação inédita desde 2011 está gerando preocupações sobre o fornecimento global de uma das bebidas mais populares do mundo.
Os números atuais apontam para a existência de apenas 84.745 toneladas de suco armazenadas pelos associados da CitrusBR, o que representa uma significativa queda de 40% em relação ao ano anterior.
A batalha pela obtenção de laranjas está aquecida, com a indústria e os consumidores disputando o acesso à fruta. Fernanda Geraldini, pesquisadora especializada em frutas da equipe de hortifrúti do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq – USP), observa que a maioria da produção de laranjas no Brasil é destinada à exportação.
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Efeitos da escassez de laranjas já estão sendo sentidos nos preços ao consumidor
O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de agosto registrou um aumento de 10% nos sucos de frutas, sem distinção de sabor. O preço da laranja-pera, uma das variedades mais populares, subiu 9% no mesmo período. A lima foi a que teve o maior aumento, com uma elevação de 17%.
A indústria também está enfrentando impactos significativos nos custos de produção. Em setembro, o preço da laranja-pera aumentou em impressionantes 16,6% em comparação com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com dados do Cepea.
Essa crise de escassez global de laranjas tem raízes em dois fatores cruciais: mudanças climáticas e a disseminação da doença conhecida como “greening”, que afeta os pomares e compromete a qualidade e a produtividade das frutas.
Esses desafios não estão limitados apenas à produção brasileira; os Estados Unidos, outro grande ator na indústria de suco de laranja, também enfrentam dificuldades. Atualmente, os Estados Unidos experimentam o volume mais baixo de laranjas em sua série histórica, conforme o Departamento de Agricultura do país (USDA).
Antes dos impactos do “greening”, os Estados Unidos ocupavam a segunda posição na produção mundial de suco de laranja, perdendo apenas para o Brasil. Entretanto, atualmente, os Estados Unidos caíram para o terceiro lugar, atrás do México, sofrendo uma notável redução na produção.
A seca e a crescente demanda por laranjas nos mercados de frutas frescas também afetaram o México e a Espanha, agravando ainda mais a escassez global de laranjas.
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