O aumento alarmante nos índices de suicídio no Brasil tem preocupado especialistas e chamado a atenção para a importância de ações de prevenção e conscientização sobre o tema. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou um crescimento de 11,8% no número de suicídios em 2022 em comparação ao ano anterior, totalizando 16.262 casos. Por isso, é preciso saber identificar os sinais e como prevenir o suicídio.
A pandemia de covid-19 desempenhou um papel significativo nesse aumento, exacerbando fatores de risco para a saúde mental, como:
- ansiedade
- solidão
- estresse
- perda de emprego
- precarização das condições de trabalho
Especialistas destacam que o enfrentamento do problema exige uma articulação entre diversos setores, quebrando o tabu e tratando o tema com seriedade.
Tendência preocupante
O aumento de casos de suicídio no Brasil tem sido mais expressivo em faixas etárias mais jovens, e o país está na contramão do restante do mundo, que vem experimentando uma redução nos números. Determinantes sociais, como desemprego, baixa escolaridade e violência, contribuem para esse cenário, segundo Rossano Cabral Lima, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
O estado de Rondônia se destaca com a taxa de 20,7 suicídios por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional. O psiquiatra Humberto Müller, integrante da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional de Medicina de Rondônia, enfatiza que medidas de saúde pública devem ser aplicadas para lidar com o problema, como o aumento da oferta de profissionais de saúde mental e serviços médicos ambulatoriais.
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Alerta aos sinais para prevenir o suicídio
A campanha Setembro Amarelo está próxima e tem o objetivo de conscientizar a população sobre os sinais de alerta do suicídio. Alguns indícios incluem:
- Expressão de ideias ou de intenções suicidas;
- Publicações nas redes sociais com conteúdo negativista ou participação em grupos virtuais que incentivem o suicídio ou outros comportamentos associados;
- Isolamento e distanciamento da família, dos amigos e dos grupos sociais, particularmente importante se a pessoa apresentava uma vida social ativa;
- Atitudes perigosas que não necessariamente podem estar associadas ao desejo de morte (dirigir perigosamente, beber descontroladamente, brigas constantes, agressividade, impulsividade, etc.);
- Ausência ou abandono de planos;
- Forma desinteressada como a pessoa está lidando com algum evento estressor (acidente, desemprego, falência, separação dos pais, morte de alguém querido);
- Despedidas (“acho que no próximo natal não estarei aqui com vocês”, ligações com conotação de despedida, distribuir os bens pessoais);
- Colocar os assuntos em ordem, fazer um testamento, dar ou devolver os bens;
- Queixas contínuas de sintomas como desconforto, angústia, falta de prazer ou sentido de vida;
- Qualquer doença psiquiátrica não tratada (quadros psicóticos, transtornos alimentares e os transtornos afetivos de humor).
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Prevenção e busca por ajuda
Entre os profissionais que tratam de saúde mental e instituições especialistas em prevenção ao suicídio, é unânime a ideia de procurar (ou orientar) ajuda específica sempre que sentir necessidade de acolhimento (ou perceber que alguém precisa). Aqui alguns canais para receber atenção e auxílio:
- Centro de Valorização da Vida, realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias;
- Mapa da Saúde Mental, que traz uma lista de locais de atendimento voluntário on-line e presencial em todo país;
- Pode Falar, um canal lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de ajuda em saúde mental para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Funciona de forma anônima e gratuita, indicando materiais de apoio e serviço.
O papel da mídia
A Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta a importância da mídia na prevenção do suicídio, destacando a necessidade de uma cobertura responsável e ética sobre o assunto, evitando detalhes sensacionalistas que possam incentivar o chamado efeito contágio.
A luta contra o suicídio exige um esforço conjunto da sociedade, instituições e poder público. Romper o tabu, oferecer apoio emocional e ampliar o acesso a profissionais de saúde mental são medidas essenciais para a prevenção e o enfrentamento desse grave problema de saúde pública. Afinal, prevenir é cuidar da vida.
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